segunda-feira, 30 de abril de 2012

Antes e Depois


Sempre vejo nessas propagandas de televisão, eles mostram o antes e o depois. Vemos o antes, vemos o depois, mas o que tem entre os dois? Sempre fiquei curioso pra saber o que tem. No antes a pessoa está tão ruim e no depois está tão boa, que magica é essa que fizeram entre um e o outro? Nunca vi uma situação do antes a pessoa estar bem e o depois estar mal. O depois é sempre melhor. As pessoas sempre estão mais felizes no depois. No antes ela tinha uma cara amarrada, as costas estavam encurvadas, era gorda, ou muito magra, tinha a pele ruim, nada estava dando certo, ou tinha muito trabalho para lavar a calçada com uma mangueira convencional. Até que o depois chegou, e tudo mudou.
O depois é sempre melhor. Talvez seja por isso que nós nos preocupamos tanto com o depois, e não esquentamos para o antes. Por isso que deixamos tudo para depois.
Mas é estranha essa relação por que se formos parar para pensar o antes é agora, tem gente que vai falar, “não o antes foi antes”, então quer dizer que o agora é o depois? Mas se agora é o depois por que não estamos iguais “o depois” da propaganda? Por que minhas costas ainda doem, por que ainda estou gordo ou por que ainda sofro tanto para lavar a calçada? Isso tudo ainda acontece por que estamos entre o antes e o depois, estamos no agora, o agora é o que acontece entre um e outro, entre o muito ruim e o muito bom. O agora é a hora em que vamos decidir se vamos ficar sempre no antes ou vamos ir para o depois. Então é isso o que quer dizer quando falam: “não deixe para depois o que você pode fazer agora”.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Certo ou errado


Glauber está no banheiro masculino, cabine individual, de uma boate chique. Ele está parado em frente a um espelho, se olhando daquele jeito que só um homem que sabe que vai aprontar olha. Ele abaixa a cabeça pra lavar o rosto, quando ele olha no espelho, ve atrás dele, um homem, de terno, com um aspecto meio avermelhado, parado. Glauber toma um susto.

- É isso aí, vai lá e pega ela de jeito.
- Aí cacete! – da um pulo.
- O que? – olha em volta.
- Quem é você?
- Denis. – estende a mão.
- Como você entrou aqui?
- Pela porta, ué.
Glauber pega duas toalhas de papel pra secar a mão. Denis, retira mais um monte e vai entregando pra ele.
- Parabéns pela gostosa hein!
- Não, eu não to com ela, eu sou casado.
Denis olha para o dedo de Glauber e não ve aliança. Glauber esconde a mão.
- Sim, eu sei, mas isso não o impede de pegar aquela gostosa.
- Como não.
- Ah, para! Eu sei que você estava pensando isso.
Denis vira Glauber para o espelho, e ele volta a pensar na “gostosa”.
- Quando você vai ter uma chance dessa de novo?
Silencio. Glauber fica pensativo.
- Então, quando você acha, que uma gostosa daquelas vai te dar moral de novo?
Silencio.
- Todo dia!
Fala, aperta a descarga e sai de dentro do lugar onde fica a privada.
- Aliás, ele tem uma gostosa daquela, talvez até mais, esperando ele em casa.
- Aí caramba! – Glauber toma mais um susto, e sai do transe do “diabinho”.
- Porra, até aqui.
Se apertam os três no banheiro.
- Quem é você? – pergunta Glauber que já não está entendendo mais nada.
- O que você queria? Está enchendo a cabeça dele com besteiras.
- Quem são vocês?
- O que, estou ajudando ele.
- Ajudando?
- Alguém por favor quer responder minha pergunta?
- É, o cara só está querendo se divertir.
- É e enquanto isso a mulher dele ta em casa.
- Como vocês sabem de tudo isso?
- Prazer, Mateus. Não se preocupe que eu estou aqui pra te ajudar.
Batem na porta.
- Ajudar ele a continuar na merda de vida que tem?
- Ei!
- Merda pra você que é contra o casamento.
- Eu não sou contra o casamento.
- Ah não?
- Não! O mundo é!
Batem na porta, novamente.
- Eu vou sair daqui, vocês são malucos. - segura na maçaneta.
- Isso finaliza aquela gostosa!
- Não. – segura a porta com o pé.
- Quer deixar eu sair.
- Não, você vai fazer cagada, trair sua mulher.
- Eu não vou!
- Ah, então ta. – tira o pé.
Ele vai abrir a porta, Denis coloca o pé.
- Como não.
- Porra!
Batem na porta, agora com mais força. ‘ei, anda logo aí, tem mais gente querendo usar. Drogado!’.
- Vai perder de pegar aquela gostosa. Sabe quando vai ter uma oportunidade dessa novamente? Nunca.
Glauber volta a pensar.
- Por que convenhamos, você não é um cara que possa se dizer: ‘nossa, como ele é bonito’.
Glauber olha torto.
- Ele não é feio.
- Sua opinião não conta.
- Por que?
- Por que você foi educado a achar todo mundo bonito.
- É.
- E você também, não é um cara rico, o que hoje em dia já perde muitos pontos.
- Onde você está querendo chegar? – pergunta Mateus.
- Que ele nunca mais, vai ter uma oportunidade dessas!
Glauber concorda com a cabeça. Batem novamente na porta. Agora é o segurança.
- Se você não abrir a porta eu vou arrombar.
- Verdade.
- Como assim verdade?
- É verdade mesmo, eu só falo a verdade. – solta a porta.
Glauber sai. O segurança olha pra dentro do banheiro, mas não vê os dois. O cara que estava na fila entra. E vai direto para a privada.
- Só fala a verdade. – reclama Mateus.
- Ah, e eu menti sobre ele ser feio e pobre?
- Não, mas...
- Então?
Dentro do lavabo escutasse uns peidos.
- Aí cacete.
Os dois somem. 

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Queria ser um cachorro

Se fosse pra eu ser um animal, eu queria ser um cachorro. Essa é a resposta que eu gostaria de dar numa entrevista de emprego. Sabe quando perguntam, ‘qual animal você gostaria de ser?’, então eu sempre quis responder isso. Mas não o fazia. Por que ninguém quer alguém “cachorro” na empresa. As empresas preferem a girafa, que consegue ver lá longe, ou o gavião que consegue alcançar as metas, ou o leão por que é um caçador, mas o cachorro não, ninguém quer um funcionário cão. Preferem-no como amigo, do que como funcionário. Não é nada pessoal, é profissional mesmo. O cachorro é o bicho que na floresta os outros animais devem falar: “sabe eu até a gosto do cachorro, mas como pessoa!”.
Mas mesmo assim eu queria ser um, tenho inveja da liberdade deles, da facilidade que tem em lidar com grandes problemas, não que o cachorro tenha grandes problemas, mas eu tenho certeza que se tivessem teriam facilidade em resolve-los. Nada que algumas horas de sono não resolvam.
Só tenho duvida se ia querer ser um cachorro de rua, ou um mimado. Por que o mimado tem tudo, casa, comida e roupa lavada, literalmente roupa lavada, por que hoje em dia tem uns que usam roupa. Já o de rua, ou o cachorro de pobre, tem que se virar, as vezes não tem ração tem que comer polenta, não que eu não goste de polenta, mas prefiro com frango com molho. Em contrapartida o cachorro de “rua” tem a liberdade de ir e vir, que o mimado não tem. Ele é um boêmio. Dorme de dia e curte a noite. Ou dorme de dia e a noite também.
Alias a melhor parte de ser um cachorro é a poder dormir sem ninguém se incomodar. A prova disse é que ele dorme o dia inteiro, e quando alguém o vê o manda ir deitar. E ele vai como se dissesse: “é você quem ta mandando!”.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

O bocejo é contagioso

O bocejo é contagioso. Não se sabe o porquê, mas ninguém é imune a um bocejo. Seja você quem for, rico, pobre, preto, branco, verde, etc. Basta ver alguém bocejando e logo vai abrir a boca como se tivesse imitando o movimento.
Alias o bocejo não é apenas uma forma que seu corpo encontrou de dizer que está com preguiça. Ele tem varias formas de interpretação, a mais comum é o sono, que é o tipo mais usado. Quando a pessoa boceja na sua frente e você repete o movimento, pode não parecer, mas está acontecendo um dialogo entre vocês, é como se a pessoa dissesse: ‘caramba que sono’, e você respondesse: ‘pois é, eu também’.
Tem o falso bocejo, aquele usado para fuga. Você está conversando com um chato, e seu cérebro está gritando ‘essa pessoa não vai parar de falar nunca?’, então a sua primeira reação é bocejar e se espreguiçar, que é pra tirar a atenção do chato. Mas na verdade a pessoa que levou um falso bocejo sabe que ele é de mentira, por que se fosse natural ela também teria bocejado.
Alias um bocejo pode machucar, você está conversando com uma pessoa, contando seus problemas, desabafando, então quando você está no ápice da história ela boceja. Isso dói no fundo da alma, pior quando ela boceja e da uma olhadinha no relógio, pior ainda se ela da uma olhadinha para o relógio e o pulso dela nem tem um relógio. Boceje também e diga que outro dia termina de contar a história outro dia, saia por cima.
Tem pessoas que não aceitam que estão bocejando, então não param quando acontece, continua falando como se nada tivesse acontecendo, mas parece que ela está falando em slowmotion.
A verdade é que o bocejo rompe qualquer barreira, a hora que ele vem é impossível segurar, o espirro você consegue disfarçar, agora o bocejo não, o máximo que vai acontecer se você segurar é ficar com a cara de alguém que está mascando chicletes em câmera lenta.

- Doutor, eu não sei o que está AcoNTEcendOO comigo. – boceja no meio da frase.
- Oi?
- Não sei o que está AcoNTEcendOO, não consigo PArar de BOOOceJAR.
- Desculpa não to entendendo.
- Não CONsigGOOO parAAR de bOCEjar.
- Estranho, você tem dormindo direito?
- SIMmmM. – mais uma vez bocejando.
- Tem alergia a alguma coisa.
- NãÃÃo.
- Olha, nunca tinha visto um caso igual ao seu.
- é SÉÉÉriO, doutor?
- Oi?
- É sério? – finalmente consegue falar uma frase sem bocejar no meio
- Não sei, como disse nunca tinha visto nada parecido.
- O que Euuu Faço?
- Olha eu indicaria dormir, mas como você disse que tem dormido bem.
- TEEEnhO!
- Quando começou isso?
- Ante ONTEmMmM...
- Estranho, muito EstrAAAnhO.
- Oi?
- Caramba, acho que é COOONTagioOoOsO.