O
mundo seria muito melhor se a vida fosse uma comédia romântica, as coisas
seriam mais fáceis para os desastrados, os feios, os engraçados – que são quase
sempre a mesma pessoa. Afinal de contas eles são os que ficam com os melhores
pares. Cair, tropeçar, esbarrar, derrubar as coisas é um dos pré-requisitos
para se dar bem... nos filmes. Os feios são os mocinhos e os bonitos são os
vilões.
Nas
comédias românticas o homem pode puxar conversa com a mulher e ela retribui,
melhor ainda, as vezes são elas que puxam conversa. Qualquer fila, café,
ônibus, avião, basta para que alguma coisa aconteça. Na vida real se um
desengonçado puxa conversa com uma estranha o máximo que acontece é ela dar aquela
olhada que vale mais que mil palavras, de desprezo.
Na vida
real você faz alguma besteira e é punido severamente. Na comédia romântica também
acontece deslizes, mas eles são perdoados e vida segue como se nada tivesse
acontecido.
Nas
comédias românticas quando está chovendo as pessoas não correm pra debaixo das
marquises e quase furam seu olho com um guarda-chuva, elas andam, se beijam,
cantam, sem se preocupar com uma possível gripe. Na vida real nem cachorro toma
banho de chuva.
Esse
gênero onde até os voos sempre saem na hora certa, o que no caso é ruim, já que
obriga o protagonista ter que sempre estar correndo pra não deixar o seu amor
escapar. Nesse quesito o mundo real teria uma vantagem, já que os voos sempre atrasam,
ela ia ficar tanto tempo na sala de embarque que ia pensar melhor e perceber
que talvez devesse ficar e dar mais uma chance. Alias acho que não, porque se
uma mulher está fugindo de você de avião, é porque aconteceu alguma coisa muito
grave.
Um mundo
onde ninguém tem medo de expressar o sentimento, onde um nerd pode surpreender
a todos, fazendo um discurso envolvente, em frente a milhares de pessoas como
se fosse uma coisa normal. No mundo real o que mais se aproxima disso são os
carros de som, com um locutor meia boca, que as pessoas não param pra ouvir o
discurso, mas sim para rir.
Enfim
acho que deveríamos lutar por uma vida com mais cara de comédia romântica e menos cara de documentário.